segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

"A Pilantragem é a apoteose da irresponsabilidade consciente"

por Jorge Lz


Mais do que biografar Wilson Simonal no seu livro “Simonal – Quem não tem swing morre com a boca cheia de formiga”, lançado recentemente pela editora Record, Gustavo Alonso não tem medo da polêmica e, além de colocar à prova a imagem “imaculada” de Chico Buarque e de uma certa forma “desautorizar” a MPB, alça a Pilantragem à categoria de movimento.

Tendo Simonal como porta-voz e figura central, a Pilantragem tinha em seu time músicos e compositores de altíssimo nível como por exemplo César Camargo Mariano, Nonato Buzar, Erlon Chaves, José Roberto Bertrami, Alex Malheiro, Fredera e Márcio Montarroyos.
Mistura do samba, tocado em compasso 4/4, com o rock e a soul music e tendo como uma das principais referências os arranjos que o músico Herb Alpert fazia para cantor americano Chris Montez, a Pilantragem, assim como a Tropicália, introduzia elementos estrangeiros na música brasileira. Um sucesso retumbante comprovado pela popularidade de Simonal, que na época fazia tanto sucesso quanto Roberto Carlos.

O repertório “pilantra” era formado por músicas compostas pensando no movimento como “Vesti azul”, “Carango”, “Não vem que não tem” e “Mamãe passou açúcar em mim” e também por outras adaptadas ao estilo como por exemplo “Escravos de Jó”, “Meu limão, meu limoeiro”, “Mamãe, eu quero”, “Aos pés da cruz” e “Pata pata”.

Paulo Moura chegou a reunir alguns músicos sob o nome de Os Pilantocratas  e lançar um disco chamado Pilantocracia. Até Brigitte Bardot se encantou e gravou “Tu veux ou tu veux pas”, versão para o francês de “Nem vem que não tem”.

A Pilatragem foi extremamente criticada em sua época por ser uma música descompromissada com o momento político do país, que vivia nas trevas em função da ditadura militar, o que era assumido por seus integrantes como dizia Carlos Imperial, um de seus criadores, “a Pilantragem é a apoteose da irresponsabilidade consciente”.

Com a execração de Simonal, acusado de ser colaborador do regime militar, a Pilantragem virou maldita até ser redescoberta no final dos anos 90. Polêmicas à parte, o estilo é diversão garantida e sempre que tocada, incendeia as pistas de dança.